Estou no Twitter.
No começo achei meio sem graça, meio sem gôsto, meio patético.
Não sabia pra que, nem porque estava lá.Estava porque devido ao meu vicio (assumido!) estou ligada a todas as novidades que se me apresentem.Meu amigo Alentejano2004 me deu a dica, depois de algumas twittadas pra mim.Quiz xecar, quiz entender.Gosto de conferir.
Depois, se não gosto, encerro a conta. Afinal, basta um clic e pronto.Tá feito.Simples que só.
Mas antes que isto acontecesse, descobri um lado bom ( e sempre tem um) do Twitter.
À parte as abobrinhas, as twittadas só pra dizer algum impropério, as twittadas para cutucar os amigos, descobri no twitter uma coisa formidável.
Sabendo escolher os "perseguidos", você tem algo inusitado:- como ler, quase em tempo real, on-line, o que seu autor (adorado, diga-se de passagem) escreve.
Lí há pouco cada twittada do Veríssimo, meu amado, meu ídolo literário, meu "perseguido" há muito tempo, e não só agora, no Twitter. Adoro ( e tenho) seus livros.Não todos, mas uma boa parte deles.(Que não empresto, nem adianta me pedir!)
Sou franca em dizer:- me emocionou, de fato.
Estar tão perto dele, e poder "saborear" em primeira mão esta crõnica deliciosa sobre o natal, foi pura emoção.
E como não sou egoista e não guardo as coisas só pra mim, copiei aqui para este blog.
E compartilho com quem, como eu, gostar do Veríssimo.
"Natal é uma época difícil para cronistas.
Eles não podem ignorar a data e ao mesmo tempo não há mais maneiras originais de tratar do assunto.
Os cronistas que estão no métier há tanto tempo - que ainda usam a palavra métier- já fizeram tudo que havia para fazer com o Natal.
Já recontaram a história do nascimento de Jesus de todas as formas.
Versão moderna :-(Maria tem o bebê numa fila do SUS)
Versão coloquial :- ("Pô, cara, aí Herodes radicalizou e mandou apagá as pinta recém-nascida, baita mauca")
Versão socialmente relevante:- (reis magos são detidos pela polícia a caminho da manjedoura, mas só o negro precisa explicar o q tem no saco)
Versão on-line:- (jotace@salvad.com.bel conta sua vida num chat)
Papai Noel, então, nem se fala.
Eu mesmo já escrevi a história do casal moderno que flagra o Papai Noel deixando presentes sob a árvore de Natal e corre com o papai noel.
Querem criar o filho sem qualquer tipo de superstição.
Poucos cronistas estão inocentes de inventar patéticas cartas fictícias com pedidos para o Papai Noel.
Já fomos sentimentais, amargos, sarcásticos e blasfemos, já fomos simples ou pretensiosos - não há mais nada a escrever sobre o Natal!
Espera um pouquinho. Tive uma idéia.
Uma reunião de noéis! Noel Rosa, Noel Coward e Papai Noel.
Acho que sai alguma coisa...
Noel Rosa, Noel Coward e Papai Noel estão reunidos...onde?
Na mesa de um bar? Papai Noel não freqüenta bares para não dar mau exemplo.
Pelo menos não com a roupa de trabalho.
No Pólo Norte? Noel Coward, acostumado com o inverno de Londres,talvez agüentasse, mas Noel Rosa congelaria.
Não interessa onde é o encontro.
Uma das primeiras lições da crônica é: não especifica.
Noel Rosa, Noel Coward e Papai Noel estão reunidos em algum lugar.
Os três conversam.Papai Noel cofia a barba.
Ninguém sabe, exatamente, o que é "cofiar", mas é o que Papai Noel faz, enquanto Noel Coward olha em volta com evidente desgosto.
Esquece. Não há mais nada a escrever sobre o Natal."
(Luis Fernando Veríssimo)
Foram 20 twittadas.E me convenceram que o Twuitter é uma coisa deliciosa.
Só por esta crônica de Veríssimo, já valeu estar lá.
Sigo "perseguindo"!!!
Pô! Eu sempre sou culpado...
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