sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

ESVAZIE A MALA....

Mais uma bela mensagem do meu sábio amigo Hélio Arakaki.Vale conferir.

Para uma viagem verdadeiramente prazerosa, esvazie a mala

Em pleno século XXI, monges de determinadas linhagens budistas viajam somente com as vestes, um manto cobrindo o corpo, uma vasilha para se alimentar e um cajado para se defender de algum animal selvagem. Nem uma mala ou um saco, apenas o que para eles é necessário.

Em contrapartida, percebo em nosso meio, principalmente com as mulheres, mesmo para viagens breves de um final de semana, o costume de levar malas lotadas de roupas e objetos. Casualmente, quando me aventuro a perguntar para algumas delas qual o motivo de carregar tanta coisa, ouço respostas variadas que se traduzem numa intenção: tornarem-se mais bonitas ou elegantes.

O fato é que, eu, quando mais jovem, também passava o meu tempo preocupado com a quantidade de roupas que deveria levar na mala. Resultado: o desconforto em levar uma bagagem pesada na viagem.

Os anos se passaram até que, além de aprender a fazer a mala num piscar de olhos, já a faço mais leve. Hoje já não me preocupo com o desgastante dilema do levo ou não levo.

Vendo a vida como um grande holograma, onde cada um de nossos atos evidencia a totalidade de nosso ser, o fato de tornar a mala mais leve eu relaciono com a minha disposição de não carregar mais os pesos desnecessários nas costas.

A verdade é que, embora continue carregando algumas coisas desnecessárias a mais, constato que muitas percepções, conceitos e atitudes mudaram em mim. Por exemplo, a afirmação de que levar mais roupas é um ato de prevenção para os contratempos já não me soa como um fato indiscutível, tanto que a frase “um homem prevenido vale por dois”, conforme a situação, eu a altero para “um homem prevenido vale por dois, sendo um inseguro e o outro indeciso”. Pois o que pode estar por trás do hábito de carregar uma mala cheia de roupas em que muitas delas não vão ser usadas na viagem? Provavelmente a insegurança e a indecisão.

Certa vez me perguntei: “Afinal de contas, o que me gera insegurança e indecisão?” Fiz uma lista enorme de questões envolvidas, mas depois percebi que a causa é única, o medo do desconhecido.

Recorrendo novamente à mala, explico. Vou viajar. E isto significa que sairei de uma zona que me é familiar para ir a um local desconhecido. Daí que então sou tomado por um estado de incerteza e insegurança que me levará a raciocinar assim: se fizer frio, terei este casaco, se não fizer, terei esta blusa leve. Aí acabo levando o casaco e a blusa tornando a mala pesada. Conclusão: abarroto a mala de coisas desnecessárias por me oferecer certa sensação de segurança.

Quanto ao fato das minhas malas estarem mais leves, associo também ao meu exercício do desapego, tal como os monges que viajam apenas com o minimamente necessário. Longe de querer me comparar a eles, é que, de certa forma, já não carrego grandes desejos e ambições que um dia me motivaram. É certo que anseio por melhores condições de vida, mas não coloco o dinheiro como o grande objetivo existencial. Prefiro mais leveza e fluidez na vida, condições que somente a simplicidade pode oferecer.

Hoje, véspera de final de ano, meu amigo Jorge Ono, veio me presentear com um doce típico japonês, o mochi, pronuncia-se moti. É feita de arroz, apresenta-se como uma massa macia e maleável que pode ser moldada facilmente, e que, servida na comemoração de ano novo, apresenta como símbolo de mudança. Serve para lembrar que o ano será realmente bom se tivermos a capacidade de mudar, ou seja, de esvaziar cada vez mais a mala de pensamentos e atitudes que já não nos servem mais para que as futuras viagens sejam mais leves e verdadeiramente prazerosas.


Hélio Arakaki- Educador, Prof de Karate, Facilitador didata de Biodanza, Consultor para o desenvolvimento dos potenciais humanos em empresas - www.muryokan.com.br contato@muryokan.com.br

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