terça-feira, 16 de março de 2010

O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM, O CORAÇÃO NÃO SENTE"...

Recebi hoje por e-mail um P.P.S de um amigo portuga, Hamilton, que mora na Ilha do Sal, em Cabo Verde.

Ele adora cosinhar, (diz que o faz muito bem, e eu acredito !! ) e como sabe que eu gosto de comidas exóticas, sempre me manda receitinhas do tipo.

Desta vez foi sobre cosinha típica regional angolana. Uma cosinha rica em pratos exóticos, com sabores fortes, picantes.

O arquivo tras receitas fantásticas, mas eu escolhi esta para compartilhar com vocês e contar uma experiência que tive, não muito auspiciosa...

Aliás, agradeço à ele, por aqui tbm, o envio do mesmo.

Já esta na minha pasta de “favoritos”.

E agradeço,claro, a inspiração para este post.

“Poisentaum”..., vamos à receita:



CABIDELA DE GALINHA À MODA DE ANGOLA

INGREDIENTES :

1 GALINHA

2 DENTES DE ALHO

1 FOLHA DE LOURO

3 COLHERES DE SOPA DE VINAGRES

4 TOMATES

1 CEBOLA

PIMENTA BRANCA,

SAL E ÓLEO (quanto bastem.)

PREPARAÇÃO :

Mata-se a galinha e aproveita-se o sangue, ao qual se junta o vinagre para não coalhar.

Corta-se a galinha em pedaços e lava-se bem. Coloca-se depois num tacho, onde se coloca também o tomate, a cebola em rodelas, a folha de louro, o alho pisado, o óleo, o sal e depois deixa-se cozer tudo muito bem em lume brando.

Depois de cozida a galinha junta-se o sangue, verifica-se o tempero e deixa-se cozinhar mais uns minutos até apurar o molho ao qual se junta a pimenta branca. Esta cabidela deve ser acompanhada com o tradicional funge com fuba de mandioca, ou pirão com fuba de milho, conforme a região.

Pode também ser acompanhada de arroz branco.



No nordeste faz-se a "galinha de cabidela" do mesmo modo.

E eu sei fazer, o problema é ver a coitada da galinha se estrebuchando, porque enquanto uma pessoa sangra a veia do pescoço, a outra tem que ficar aparando o sangue sem parar de mexer, para não coagular.

Põe-se até um pouco de vinagre pra isto.

O sangue permanece liquido para ser acrescentado à galinha cosida, no final.

Eu fiz duas vezes, somente, apesar de gostar muito do prato.

Uma vez, foi com a ajuda da minha mãe.Eu era menina, tinha lá meus 8 anos

Ela matava de tudo, como minha avó Nina.

Na época, no nordeste, ou se matava o bicho, ou não se comia o bicho...

Minha mãe era a "assassina" e eu a "assistente", mexendo o sangue.

Ela dizia que eu parasse de ter pena, porque senão a pobrezinha não morria...

(como se fosse fácil não sentir pena...)

O pior é que não morria mesmo.

Tirou-se todo o sangue, e quando minha mãe soltou, ela ainda dava pulos pelo quintal, sujando tudo de sangue.

Foi uma cena chocante, terrivel!!

A segunda vez, como não tinha a mãe pra sangrar, e eu estava grávida da filha e com desejo de comer galinha de cabidela, fui numa avícola de um japones que morava perto da minha casa.

Ele pegou logo 3 galinhas da gaiola e em questão de minutos matou à tesouradas certeiras na garganta, uma a uma.Que horror!!

Elas vomitavam sangue pela boca, e eu quase desmaiei.

Àquela hora, quem perdia o sangue das faces era eu...fiquei lívida...aterrorizada.

Ainda por cima tive que ouvir um evangélico, que estava comprando frango, me dizer, ao ver a cena, em voz alta, pra todos ouvirem:

"Que coisa do demônio...quem bebe o sangue bebe a vida..!!!."

Acho que ele pensou que eu ia beber aquele sangue...

Saiu sem querer comprar mais nada, indignado...

Fiquei mais arrasada ainda.

Mas levei depois o sangue pra casa, fiz a galinha, e comi refastelada.

Meu desejo de grávida falou mais alto...

Depois destas experiências, só como galinha de cabidela em restaurantes.

"O que os olhos não vê, o coração não sente..."



Caipirinhas acompanham muito bem este prato...e esta é a minha sugestão:
"caipirinha de limão"...
E bom apetite!!!

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